quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Os tempos estão a mudar: Nobel da Literatura para Bob Dylan

Bob Dylan foi distinguido com o galardão por “ter criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição americana da canção”


Bob Dylan é o vencedor do Prémio Nobel da Literatura de 2016, anunciou esta quinta-feira a Real Academia Sueca das Ciências, que distinguiu o cantor e compositor norte-americano por ele “ter criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição americana da canção”.
Nascido em Duluth, no Minnesota, em 1941, no seio de uma família de proveniência russa e judaica, Bob Dylan, pseudónimo de Robert Allen Zimmerman, começou a escrever poemas com dez anos de idade. Aprendeu a tocar piano e guitarra sozinho. Em 1959, foi estudar para a Univerdade do Minnesota (EUA). No ano seguinte, decidiu deixar a faculdade e partir para Nova Iorque, cada vez mais interessado nas origens do rock and roll e em intérpretes e criadores como Woody Guthrie, sua grande referência musical. “Já tinha passado por muitas coisas e visto muitas outras. Mas agora o destino ia revelar-se. Senti que estava a olhar diretamente para mim e para mais ninguém”, escreve Dylan no 1.º volume das suas Crónicas, editado em Portugal pela Ulisseia.
Ainda sobre Woody Guthrie e a sua profunda admiração pelo folk singer, refira-se que em março deste ano Bob Dylan anunciou a venda dos seus arquivos pessoais - cerca de seis mil itens relacionados com os seus 60 anos de carreira - à Biblioteca de Tulsa, no Oklahoma, cidade onde também se encontra o Museu de Woody Guthrie.
Este ano, Dylan lançou “Fallen Angels”, o seu 37.º álbum gravado em estúdio. Esteve em Tóquio, em tournée, a apresentar o disco, seguindo-se outros sete concertos no Japão e uma digressão pelos Estados Unidos, que representou mais uma etapa da sua “Never Ending Tour”, que o tem levado a percorrer o mundo interior. No ano passado, o cantor e compositor lançou “Shadows in the Night” e, em 2012, “Tempest”, disco que levou alguns fãs a acreditar que seria o seu último trabalho, uma vez que tem o título da última peça de Shakespeare.
Em março deste ano, Bob Dylan anunciou a venda dos seus arquivos pessoais - cerca de seis mil itens relacionados com os seus 60 anos de carreira - à Biblioteca de Tulsa, no Oklahoma, cidade onde também se encontra o Museu de Woody Guthrie, o folk singer que tanto admirava.

A Academia Sueca volta a surpreender

Entre os favoritos à atribuição do galardão estavam o queniano Ngugi Wai Thiong'o, Haruki Murakami, Philip Roth, o poeta sírio Ali Ahmad Said Esber (conhecido por Adónis), e até nomes menos óbvios como Don DeLillo, que acaba de ver publicada em Portugal a sua obra mais recente (“Zero K”, edição da Sextante) e o escritor espanhol Javier Marías. A escolha de Dylan acaba por ser supreendente.
O atraso no anúncio do vencedor do prémio - que costuma ser anunciado na primeira quinta-feira de outubro - gerou muita polémica ao longo das últimas semanas. Houve quem interpretassem este adiamento como sinal de que a escolha do vencedor estava a ser mais difícil este ano ou que não haveria consenso entre os académicos. Um representante da Academia Sueca veio, porém, desmentir estes rumores.
A bielorrusa Svetlana Alexievich, autora de obras como “O Fim do Homem Soviético” (Porto Editora), “Vozes de Chernobyl” (Elsinore) e “A Guerra não Tem Rosto de Mulher” (igualmente editado pela Elsinore), foi a vencedora do Prémio Nobel no ano passado. A Academia justificou a decisão “pela sua escrita polifónica, um monumento ao sofrimento e à coragem no nosso tempo“.

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