quinta-feira, 26 de novembro de 2009

À CONVERSA COM... FERNANDO ALVIM

Alvim é radialista da Antena 3, apresentador de televisão, director da Revista 365, humorista, organizador do Festival Termómetro, DJ, padrinho do MySpace Portugal, colunista do jornal Metro, da Maxmen, da Noite.pt e da Revista Chick Intimate Cult.
Mas Alvim foi convidado para a Biblioteca por ser escritor, que segundo ele próprio, é o saramago dos pequeninos, o D. Duarte da literatura...
E passamos a apresentar alguns interessantes excertos da sua obra...
O mínimo que agora podem fazer, é ler-me até ao fim e aplaudirem-me de pé, que bem mereço. Estarei na última página à vossa espera, na mesa do fundo, fumando cubanos.

Na verdade, quem me conhece, sabe que eu não tenho 50 anos de carreira, coisíssima nenhuma, mas sim, como seria previsível, setenta e cinco anos.

Sobre Portugal e os portugueses...
O grande problema de Portugal é estar atrasado 30 minutos. E isso acontece porque os portugueses toleram qualquer atraso desde que não passe os trinta minutos. Pergunta-se a alguém quanto tempo demora a chegar e respondem: "Isso é meia horita, é que não demora mais".
Não há país no mundo que tenha saudades como as nossas. Podem até ser saudades - não digo que não - mas como as nossas? Nem pensar nisso! As saudades de Portugal deveriam ser promovidas ao mesmo nível que o Eusébio, a Amália, Fátima e os pastéis de Belém.
Existe um complexo de inferioridade em Portugal que se manisfesta num medo de ser maior. O português sente-se confortável em ser mediano e só quer ser o maior para o livro do Guiness. (...) Se há um português que por azar revela publicamente "Quer ser o maior do Mundo" essa intenção é invariavelmente seguida de um comentário jocoso do tipo "este gajo deve ter a mania".
Os portugueses gostam que sejam primeiro os outros a dar o primeiro passo e depois - se correr bem e se ninguém se tiver magoado - aí sim, damos o nosso. E isto é um problema. Porque mesmo que dêmos o nosso passo largo a seguir aos outros, estamos sempre em passo atrás, o que fica muito bonito no tango mas não dá jeitinho nenhum para o país.
E ainda sobre o amor...
Quando gostamos de alguém - mas a sério, que é disto que falamos - não há nada mais importante do que essa outra pessoa. E sendo assim, não há SMS que não se receba porque possivelmente não vimos, porque secalhar estava a passar num sítio sem rede, porque a minha amiga não me deu o recado, porque não percebi que querias falar comigo, porque recebi as flores mas pensava não serem para mim, porque não estava em casa quando tocaste.
Sobre a Regionalização...
Agrada-me a ideia da regionalização. Defendo, aliás, que cada aldeia devia ter um ministério. Também sou favorável ao casamento homossexual, mas sou ainda mais favorável ao divórcio homossexual. Só acho mal é que se atribuam 200 euros aos recém-nascidos e não se atribui dinheiro aos artistas que renascem quando já ninguém dava por eles. (In Jornal I - 31/7/709)

Sem comentários:

Enviar um comentário